sexta-feira, 28 de junho de 2019

Telescópio na Espanha descobre um sistema solar próximo que pode ter água líquida, por Nuno Domingues, no El Pais

Reconstrução da estrela Teegarden e seus dois planetas. 



Foram achados dois planetas do tamanho da Terra orbitando a estrela Teegarden, a 12,5 anos-luz daqui


Astrônomos de vários países encontraram um novo sistema solar com dois planetas como a Terra a 12,5 anos-luz daqui, virando a esquina em termos astronômicos. O novo sistema planetário orbita Teegarden, uma estrela anã vermelha muito menor e mais tênue que o Sol. Esses dois planetas se encontram tão perto do seu astro que sua temperatura é relativamente temperada, a tal ponto que poderia haver água líquida em sua superfície, uma condição fundamental para abrigar vida.
“Estamos perante dois dos exoplanetas habitáveis mais próximos da Terra, o único mais próximo seria Próxima b, que está a 4,5 anos-luz”, ressalta Ignasi Ribas, diretor do Instituto de Ciências do Espaço (IEEC-CSIC) e um dos autores principais da descoberta. Quase 200 astrônomos de 11 países assinam o estudo, para o qual foram necessárias 240 observações durante três anos com o instrumento Carmenes, no observatório astronômico de Calar Alto, na província de Almería (sul da Espanha), além de instalações complementares de menor tamanho.


O telescópio de 3,5 metros do Observatório de Calar Alto, onde opera o instrumento Carmenes.
O telescópio de 3,5 metros do Observatório de Calar Alto, onde opera o instrumento Carmenes. IAA
Os dois novos exoplanetas, Teegarden b e c, têm um tamanho 1,25 e 1,33 vezes maior que o da Terra, respectivamente. Segundo o estudo, publicado nesta terça-feira na revista Astronomy and Astrophysics, os dois orbitam muito perto de sua estrela, por isso completam uma volta – um ano terrestre – em 5 e 11 dias, respectivamente. Ambos se encontram na chamada zona habitável, embora seja o planeta c o que tem características mais adequadas.
Segundo Ribas, estes dois novos mundos têm tantas possibilidades de abrigar vida como os dois principais candidatos conhecidos até agora nas proximidades de nosso sistema solar, Próxima b, anunciado em agosto de 2016, e dois dos sete planetas descobertos em fevereiro de 2017 em torno de Trappist-1, a 40 anos-luz. Os três sistemas têm anãs vermelhas como centro.
Normalmente, descobertas desse tipo vinham sendo feitas por instrumentos localizados em outros países. O novo achado representa um bom impulso para a equipe do observatório de Almería, que, apesar de ser o maior da Europa continental, sofreu importantes cortes orçamentários nos últimos anos.

Teegarden
Reconstrução do planeta Próxima b. ESO
“É uma descoberta clara e sem dúvidas” diz Didier Queloz, um dos descobridores do primeiro planeta fora do sistema solar, em 1995. “É alucinante pensar que há apenas 25 anos este campo não existia, e que agora já nos propomos seriamente a achar vida em outros planetas", acrescenta. Sobre este novo achado, o astrofísico opina que o sistema da estrela Trappist, da qual ele foi um dos descobridores, continua sendo “único”, porque só com ele haverá a possibilidade de usar o Telescópio Espacial James Webb, a ser lançado em 2021, e averiguar mais coisas sobre os planetas nessa estrela. Já no sistema de Teegarden será preciso esperar a chegada de uma nova geração de telescópios gigantes, que começarão a funcionar em meados da próxima década.
As anãs vermelhas ejetam radiações que poderiam eliminar a atmosfera de seus planetas e aniquilar a vida eventualmente existente. Esse senão já havia sido detectado em Proxima b, como revelou um estudo recente da equipe de Meredith MacGregor, astrônoma da Instituição Carnegie para a Ciência (EUA). Em Teegarden essas ejeções não foram captadas, por isso ele representa o entorno mais benigno para a vida que se conhece hoje. Mas o instrumento Carmenes, especializado em captar luz vermelha e infravermelha, não é capaz de observar se esses planetas têm atmosfera, algo essencial para que possam manter um efeito-estufa que modere as temperaturas e proteja a vida da radiação.
“A definição de habitável evolui constantemente à medida que novas técnicas de observação são lançadas", explica MacGregor. "Inicialmente a zona habitável era a distância de um planeta até sua estrela em que havia uma temperatura de equilíbrio suficiente para ter água líquida na superfície. Encontramos muitos planetas terrestres desse tipo. Mas claramente há outros fatores para saber se um planeta é realmente como a Terra, por exemplo, se tem uma atmosfera, placas tectônicas, um campo magnético. Necessitamos das novas instalações astronômicas de nova geração para responder a estas perguntas”, acrescenta a astrônoma.
Astrônomos de vários países encontraram um novo sistema solar com dois planetas como a Terra a 12,5 anos-luz daqui, virando a esquina em termos astronômicos. O novo sistema planetário orbita Teegarden, uma estrela anã vermelha muito menor e mais tênue que o Sol. Esses dois planetas se encontram tão perto do seu astro que sua temperatura é relativamente temperada, a tal ponto que poderia haver água líquida em sua superfície, uma condição fundamental para abrigar vida.
“Estamos perante dois dos exoplanetas habitáveis mais próximos da Terra, o único mais próximo seria Próxima b, que está a 4,5 anos-luz”, ressalta Ignasi Ribas, diretor do Instituto de Ciências do Espaço (IEEC-CSIC) e um dos autores principais da descoberta. Quase 200 astrônomos de 11 países assinam o estudo, para o qual foram necessárias 240 observações durante três anos com o instrumento Carmenes, no observatório astronômico de Calar Alto, na província de Almería (sul da Espanha), além de instalações complementares de menor tamanho.
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O telescópio de 3,5 metros do Observatório de Calar Alto, onde opera o instrumento Carmenes.
O telescópio de 3,5 metros do Observatório de Calar Alto, onde opera o instrumento Carmenes. IAA
Os dois novos exoplanetas, Teegarden b e c, têm um tamanho 1,25 e 1,33 vezes maior que o da Terra, respectivamente. Segundo o estudo, publicado nesta terça-feira na revista Astronomy and Astrophysics, os dois orbitam muito perto de sua estrela, por isso completam uma volta – um ano terrestre – em 5 e 11 dias, respectivamente. Ambos se encontram na chamada zona habitável, embora seja o planeta c o que tem características mais adequadas.
Segundo Ribas, estes dois novos mundos têm tantas possibilidades de abrigar vida como os dois principais candidatos conhecidos até agora nas proximidades de nosso sistema solar, Próxima b, anunciado em agosto de 2016, e dois dos sete planetas descobertos em fevereiro de 2017 em torno de Trappist-1, a 40 anos-luz. Os três sistemas têm anãs vermelhas como centro.
Normalmente, descobertas desse tipo vinham sendo feitas por instrumentos localizados em outros países. O novo achado representa um bom impulso para a equipe do observatório de Almería, que, apesar de ser o maior da Europa continental, sofreu importantes cortes orçamentários nos últimos anos.
Teegarden
Reconstrução do planeta Próxima b. ESO
“É uma descoberta clara e sem dúvidas” diz Didier Queloz, um dos descobridores do primeiro planeta fora do sistema solar, em 1995. “É alucinante pensar que há apenas 25 anos este campo não existia, e que agora já nos propomos seriamente a achar vida em outros planetas", acrescenta. Sobre este novo achado, o astrofísico opina que o sistema da estrela Trappist, da qual ele foi um dos descobridores, continua sendo “único”, porque só com ele haverá a possibilidade de usar o Telescópio Espacial James Webb, a ser lançado em 2021, e averiguar mais coisas sobre os planetas nessa estrela. Já no sistema de Teegarden será preciso esperar a chegada de uma nova geração de telescópios gigantes, que começarão a funcionar em meados da próxima década.
As anãs vermelhas ejetam radiações que poderiam eliminar a atmosfera de seus planetas e aniquilar a vida eventualmente existente. Esse senão já havia sido detectado em Proxima b, como revelou um estudo recente da equipe de Meredith MacGregor, astrônoma da Instituição Carnegie para a Ciência (EUA). Em Teegarden essas ejeções não foram captadas, por isso ele representa o entorno mais benigno para a vida que se conhece hoje. Mas o instrumento Carmenes, especializado em captar luz vermelha e infravermelha, não é capaz de observar se esses planetas têm atmosfera, algo essencial para que possam manter um efeito-estufa que modere as temperaturas e proteja a vida da radiação.
“A definição de habitável evolui constantemente à medida que novas técnicas de observação são lançadas", explica MacGregor. "Inicialmente a zona habitável era a distância de um planeta até sua estrela em que havia uma temperatura de equilíbrio suficiente para ter água líquida na superfície. Encontramos muitos planetas terrestres desse tipo. Mas claramente há outros fatores para saber se um planeta é realmente como a Terra, por exemplo, se tem uma atmosfera, placas tectônicas, um campo magnético. Necessitamos das novas instalações astronômicas de nova geração para responder a estas perguntas”, acrescenta a astrônoma.



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